Dez maiores companhias do país aumentaram sua participação em relação ao PIB de 6,3% para 20% de 1998 para cá. Nos últimos dez anos, estatais perderam espaço entre as maiores empresas, ao ceder o lugar para os produtores de commodities (ferro e aço).Algumas áreas se consolidaram com fusões e aquisições e outras empresas simplesmente desapareceram do mapa da Bovespa.
"Essa concentração é natural num mercado novo, no qual a maioria das empresas são familiares e nascidas após a Segunda Guerra", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV. "Com o passar do tempo, os setores tendem a se consolidar para ganhar escala." Segundo Eid, mudanças desse porte levam tempo em países de economia madura.
"Para entender os últimos dez anos, é necessário entender os dez anos anteriores", afirma José Carlos Grubisich, presidente da Braskem. A empresa petroquímica é uma das que não existiam em 1998. Foi criada há cinco anos, mas tem funcionários que comemoram 25 anos de empresa. Isso porque ela atua numa área que passou por um processo de consolidação e, que em 2007, ocupava a sétima posição no ranking de faturamento anual em dólares. Neste ano, tende a galgar alguns postos, bem como o Grupo Ultra. As duas companhias e a Petrobras incorporaram ativos da Ipiranga no ano passado.
Grubisich elenca os fatos da década de 1990 que prepararam as mudanças mais recentes: abertura de mercado, privatizações, controle da inflação, Lei de Responsabilidade Fiscal, reformas estruturais e autonomia do Banco Central. Tudo isso, logo após a promulgação da Constituição de 1988 e da consolidação da democracia.
Em dezembro de 1998, das 10 maiores empresas por valor de mercado listadas na Bovespa, 5 eram estatais e 4 eram bancos, sendo que dois deles públicos. No dia 16, só restava a Petrobras como estatal entre as maiores companhias por valor de mercado. Ainda estão lá quatro bancos, mas só o BB é ligado ao Estado. As restantes são empresas privadas: Vale, AmBev, CSN, Gerdau e Usiminas.
Essa está longe de ser a única alteração dos últimos anos. "O perfil dos trabalhadores mudou com as empresas", afirma Roberto Castello Branco, diretor de Relações com Investidores da Vale. "Os funcionários da Vale estatal tinham mais idade, qualificação menor e a percepção de que o emprego era para toda a vida. Os estímulos mudaram e, hoje, empregamos mais gente e os salários são maiores exatamente porque as pessoas são mais bem preparadas."
Fonte: Adaptado de UOL
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