07 agosto 2007

Eu não morri, Nickopoulos.


Já que estamos a alguns dias de reviver os 30 anos da morte de Elvis, nada melhor do que lembrar a sua vida. Em 16 de agosto de 1977, o Rei do Rock vira manchete nos jornais (como se nunca o tivesse sido).

Elvis provavelmente usou drogas ilícitas como cocaína, maconha e etc em algum momento de sua vida (o que acredito eu que foi em sua estadia no exército), mas nunca de forma crônica e não chegou a se viciar em nenhuma delas. Fumava cigarro esporadicamente, como em algumas fotos raras, mas, o que está provado é o seu vício em medicamentos, perdendo totalmente o controle a partir dos anos 70, quando o Dr. George Nickopoulos receitava abusivas doses de medicamentos para ele. Elvis era uma pessoa complexa em sua vida pessoal e artística, de temperamento bipolar, hipocondríaco, o que talvez explique a alta quantidade de remédios que ingeria. Tinha problemas no cólon, com horríveis dores, além de problemas no fígado e, essas enfermidades, deterioraram todo o seu organismo e provocaram o mal cardíaco.

O que me faz dedicar este espaço a ele e a explicar o porquê de ser o Rei do Rock, vai além de sua maior virtude, o timbre de voz inigualável, a força interpretativa em seus shows e seu ritmo. É a minha interpretação que vale a celebridade.

A long time ago…
Doze anos. Minha amiga com um pôster dele no fichário.
- Quem é? – perguntei eu.
- Este é o Elvis. Sou fã. – respondeu ela com o maior orgulho.
- Nossa, que legal (nota-se comentário sem entusiasmo). O que ele canta mesmo?
- Hoje à noite terá um documentário dele na Sony, se quiser assistir...

Nem dei ouvidos.
Em casa, tarde da noite, vendo TV com minha mãe, eis que ela “calha” de colocar no tal canal. Em princípio, achei fútil. Um batalhão de mulheres com roupas bufantes em volta de um quadrado, gritando, chorando e borrando a maquiagem por um cara que sorria com a boca torta e que, de tanto couro preto, parecia ter por baixo um “cuecão de couro”. Falava meio mole, de lado, mandando piscadinhas e beijinhos para a platéia. Péssimo.

Continuei a ver. O entrevistador entre uma música e outra ria junto com o público das respostas bem-humoradas de Elvis. Sua simplicidade invadia o palco. Não esquecia de ninguém da sua banda. Não negava suas origens humildes. Falava coisas nojentas que estrela alguma de cinema se propuseria a comentar na TV. Era engraçado. Era ele mesmo.

Sua risadinha de lado me fez cair com a cabeça ao ombro e suspirar fundo sorrindo. EPA! O que é isso? Amanhã tenho que “zoar” minha amiga...mas.... que vozeirão! Que animado...super agitado. Envolvia a todos. Pronto. Gostei.

No dia seguinte, pedi tudo o que era possível para minha amiga e quis saber tudo sobre a vida de Elvis.

Ele era tudo o que admirava em alguém:

1- Um jovem revolucionário e corajoso que enfrentou críticas e preconceitos tanto da sociedade quanto de um grupo musical seletivo (R&B e Gospel eram estilos musicais apenas cantados por negros até então).
2- Um menino sonhador e ambicioso que apesar de não ter perspectivas de carreira, não deixou de tentar quando a oportunidade surgiu.
3- Usava roupas inusitadas em shows – era o verdadeiro astro.
4- A fama nunca esteve acima de suas paixões, sempre manteve a humildade perante a todos.
5- Cultivava amigos. Cativava-os.
6- Dava atenção a todos. O maior exemplo de carisma que conheço (talvez sirva para um estudo de política populista).
7- Amava com fervor e explicitamente sua mãe e sua ex-mulher.
8- Chorava na frente de milhares se fosse preciso.
9- Era cantor, dançarino, ator, compositor.
10- Tinha amor inconcebível pela mãe e fazia o impossível para a felicidade dela.

Elvis na sociedade:
11- Introduziu uma nova cultura.
12- Abriu as portas para o Marketing, de forma explícita e aproveitada ao máximo (sou publicitária, logo isto para mim é genial).
13- Pioneiro na revolução cultural do século XX.
14- Primeiro “mega-star” da música popular.
15- Influenciou toda a história do Rock que se sucedeu.
16- Rebelde que quebrou paradigmas, conservadorismos e censuras mobilizando de forma irreversível todos os jovens da época para o “rockabilly”.


Ele ultrapassou a justificativa de possuir apenas um rostinho bonito para fazer sucesso.

Porém, para mim, o principal é sentir a energia que ele transmitia a todos, a paixão que ele tinha no trabalho e aí, surge o motivo pelo qual ele passava horas acordado, ensaiando e trabalhando seguido de volumes e mais volumes de medicamentos para agüentar a maratona.

Seguido de sua paixão e dedicação pelo que fazia, Elvis é, para mim, o maior exemplo de perseverança que, apesar das dificuldades físicas, psíquicas e da mídia destrutiva, ele foi até o fim, com glória e dando o melhor de si, sem se abalar com seu estado e superando suas dores. “Ainda que portador de imagens constrangedoras de sua fisionomia e condições físicas, o programa da CBS, Elvis in Concert, mostrou-nos um profissional despojado e empenhado em tentar superar-se e apresentar-se da melhor forma possível”.
O que para muitos seria uma tragédia ver o fim da carreira daquela forma, para ele, era mais um grande show aos que o elegeram o Rei do Rock. Isto para mim é emocionante!

Elvis sempre deixará viva esta chama de vencedor em mim. É incrível como o acho bonito e sorrio ao vê-lo mesmo gordo, suando, tomando coca-cola, com a toalha molhada no pescoço e os pêlos saindo do macacão, tocando piano fora do ritmo que tinha antigamente e enrolando a língua para cantar por causa dos medicamentos como ocorreu em seu último show em 77.

Ele nunca quis ser super herói. Mostrava quem era e para quê veio. E mesmo sem poderes mágicos e capa voadora, foi eternizado.
Tudo isso por causa de uma boca nada simétrica...=)

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