01 agosto 2007

Quando Nietszche chorou... de dor...



Tentar sempre viver a vida dionisiacamente é, sem dúvida, o que ninguém nunca conseguirá fazer jus à palavra!


Dionísio, deus grego equivalente ao deus romano Baco, representa as festas, o vinho, o lazer e o prazer. É a favor de se viver intensamente, de ser livre e deixar os sentimentos guiarem vidas. Isto muitas vezes nos faz aproveitar o real sentido das sensações ou ainda materializar o sentimentos e pensamentos. Contudo, vale lembrar que antigamente, os românticos, por viver com seus sentimentos à flor da pele, muitas vezes se suicidavam por não suportar tal intensidade. Ser intenso não é apenas amar, sorrir, o sofrimento também é intenso, deve-se ter consciência disto. A intensidade é leal à liberdade, ser livre para sentir, não prender os sentimentos e sim, liberá-los, extravasá-los da forma como se sentir melhor. Não há nada mais belo que liberar os instintos, que entregar a alma à vida e consumir cada momento dela, por completo. Somos quem realmente somos não é no dia-a-dia, mas sim, em momentos de tensão. Ai sim, mostramos o verdadeiro eu, sem máscaras.
Podemos passar a vida inteira com uma pessoa ao nosso lado e nunca a conheceremos por completo. Sempre há um “eu” interior do parceiro(a) que não conhecemos e que, mais cedo ou mais tarde, será demonstrado de acordo com as circunstâncias.
Pois bem, se viver intensamente nos faz sofrer, nos corrói, porque ainda assim lutamos pela plena liberdade? Não queremos sofrer, mas lutamos em defesa ao sofrimento, já que ele sempre acompanha outros sentimentos.
Será que isto ocorre porque somos destrutivos e auto-destrutivos? Queremos destruir o que se encontra ao redor e nos destruímos muitas vezes, também.
Será que todas essas leis que existem, que visam o equilíbrio, a regra, a ponderação de atos, são além de controlar o sistema e obter o poderio, uma medida tomada a partir de fatos reais constatados de destruição em massa e individual, o que resultaria uma carnificina infernática?
Lembro-me de Sade, aristocrata francês e famoso pela pornografia escrachada, banalizada, excessiva e agressiva, além de descaso à moralidade. Será que Sade (daí o nome “sádico”), era a favor de suas orgias sexuais para sentir o prazer intenso realmente ou para conter seus sentimentos que o machucavam assim, não se envolveria emocionalmente e manteria o equilíbrio?
Imagine: Sade ama Lola, Lola não corresponde. Sade sofre. Para evitar a intensidade e manter o equilíbrio emocional, Sade usa a orgia, justificando sentir a intensidade do prazer (homens...nunca dão o braço a torcer!) apenas para fingir que não ama Lola e assim, não sofrer a ponto de acabar com a própria vida por causa dela, como os suicidas românticos.
Indo além, talvez o prazer das orgias não seja o prazer mais intenso como muitos procuram e sim, ao procurar formas diferentes de sentir prazer não percebem que precisam apenas achar a pessoa certa e ser intenso no momento. Como uma excelente frase em American Pie 2 direcionada ao Stifler: “Ter uma vida sexual ativa não quer dizer contar quantas vezes no ano você fez sexo e caçar pessoas para isto e sim, ter um companheiro(a) em que não é necessário contar, está sempre com você, se perde a conta!”. Mas não é isso que quero discutir.
Será que Sade disfarçava seus sentimentos por achar que uma gozada seria mais importante e intenso do que a pessoa amada?

Dias destes comentei minha nova teoria: se eu batesse em qualquer um na rua, qUE me irritasse, poderia ser presa. Mas se eu participasse de um torneio de Kick Boxing (exemplo, pois lutava), poderia agir livremente e sem conseqüências sociais. Sei que é algo perigoso de se pensar e falar, mas é normal muita gente querer agir assim. Olha mais uma vez o racional versus o emocional, o saber e o querer.
Será que evitar a dor profunda de um sentimento intenso não é uma fraqueza, covardia do ser humano?
Ou será que vivenciar o equilíbrio é ser forte para superar os extremos e amadurecer às eventualidades da vida?
Tentamos sempre ser fortes o bastante para sobreviver neste mundo de cão, mas e estas situações difíceis e intensas? Não podemos superar?

O objetivo não é concluir, é complementar.

Referências de filmes: Marquês de Sade, Clube da Luta, Assassinos por Natureza...

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